Como vos disse ontem, a minha tia do Luxemburgo foi embora juntamente com mais um casal, também meus tios. Supostamente o avião partia as 14h, ou por volta disso, e já passava das 15h quando foram avisados que o avião só partia as 17h. Conclusão, o senhor meu tio - pessoa a quem ninguém come por parvo, sabedor daquilo que diz e muito seguro de si próprio, mas sempre com boas maneiras - foi falar com a senhora do balcão de atendimento para pedir satisfações. A senhora, que não deve nada à simpatia, respondeu-lhe com 7 pedras na mão e o meu tio pediu para ela chamar o gerente e para lhe dar o livro de reclamações. Então aí é que a coisa ficou preta. Segundo a minha tia, seguiu-se um diálogo mais ou menos assim:
Tio: A menina, se fizer favor, chame o gerente que eu quero falar com ele.
Senhora: Se o senhor quer falar com o gerente, tem de ir lá a cima, ele não é obrigado a vir cá a baixo.
T: Ai vem, vem. Então mas quer dizer, eu já esperei aqui 1h, tenho de esperar mais 2h sem ter culpa nenhuma, e ainda tenho de lá ir a cima falar com ele? Chame-o cá e não se esqueça de me dar o livro de reclamações.
S: O senhor por acaso sabe com quem é que está a falar? Está a falar com uma advogada.
T: Quem a senhora é, a mim não me interessa. O que me interessa agora é que chame o gerente e me dê o livro de reclamações. E além disso, a senhora também não sabe com quem é que está a falar pois não? Mas eu agora também não lhe vou dizer. Chame lá o gerente.
E isto continuou durante um bocado até que a mulher lá chamou o gerente.
O meu tio foi lá falar com ele e não sei ao certo o que é que ele lhe disse, mas o aeroporto (ou a companhia onde iam viajar), acabou por lhes pagar o almoço num valor até 16€. Agora não sei se foi só aos meus tios, ou se foi aos passageiros todos, que a minha mãe não me soube explicar isso.
No final do almoço, voltaram para a sala de embarque a menina ainda estava no balcão. O meu tio passa por lá e diz: "Olhe menina, eu tinha perfeitamente dinheiro para pagar o meu almoço, o da minha mulher e o da minha cunhada. Isto tinha sido tudo escusado se me tivesse falado com bons modos. Ah, eainda não é agora que fica a saber quem eu sou. Talvez para a próxima." E sentou-se à espera da ordem de embarque.
E onde é que eu quero chegar com isto, perguntam vocês? Três coisas:
A primeira, é que isto para nós cá em casa tem uma piada que vocês não imaginam. Porque só quem conhece a maneira de falar do meu tio, sempre com o dedo em riste, a gesticular como se não houvesse amanhã e sempre com uma postura inabalável, é que consegue imaginar a situação. Eu se estivesse lá, ia rir-me que nem uma perdida.
Segundo, é que acho completamente ridículo uma assistente de bordo ou lá o que a senhora era, achar que se tem de falar com ela de maneira diferente só porque é advogada, ainda para mais num sitio onde não está a exercer a função.
Terceira: que este exemplo sirva para mostrar que não nos devemos deixar intimidar por empregados mal educados. Nem nos resignar-mos quando acontecem coisas como estas, em que o avião atrasou mais de 3h. Porque mais ninguém foi capaz de reclamar de nada, mas o que é certo que ao meu tio, o ter reclamado valeu-lhe um almoço.
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